Recentemente, uma espécie exótica de hábitos extremamente predatórios invadiu um ecossistema, descaracterizando-o totalmente. A fauna nativa desde então tenta recuperar-se deste impacto ambiental, enquanto os indivíduos da espécie invasora reagem com um misto de espanto e curiosidade (e, em alguns casos, de horror) à petulância dos animais nativos que tentam retornar ao ambiente que os invasores hoje consideram como sendo seu.
A espécie exótica obviamente é o homem. A espécie nativa são as capivaras da Área de Proteção Ambiental (APA) de Marapendi, no Rio de Janeiro, que caminham pelo local que outrora fora seu habitat, um ambiente que foi dizimado e onde agora encontra-se um campo de golfe.
Os responsáveis pela construção do campo de golfe alegam que o empreendimento gera benefícios ao ambiente que já estava bastante degradado. Muitos ambientalistas, no entanto, afirmam que esta alegação é falsa. Não é uma discussão fácil. Fato mesmo, é que, independentemente de quem foi o primeiro invasor do local, deveriam ser as capivaras, e não os homens, a estarem ali!
As imagens destes grandes roedores percorrendo o campo de golfe tornaram-se notícia em todo o mundo. Elas são emblemáticas por representarem o registro da resistência de uma fauna ameaçada pela cegueira do ser humano, que peca não só por achar que o planeta e todos os seus recursos naturais estão aí para servi-lo, mas também por esquecer-se de que estes recursos são finitos e escassos.
Estes crimes, no entanto, não terminarão impunes. Não se urina no poço onde se bebe! Os problemas oriundos de descaso e da exploração abusiva do meio ambiente já se acumulam.
As fotos das capivaras no campo de golfe constituem apenas mais uma crônica das muitas que contam como esta espécie predatória pavimenta aceleradamente o caminho rumo à sua própria extinção.
Ótimo texto!
A discussão não é fácil, porque as forças envolvidas estão muito desequilibradas. Infelizmente, tenho a sensação de que muito dinheiro e corrupção estão sempre acompanhados de mentes pobres e corpos doentes.
Parabéns pelo realismo abissal do texto.
Tom Lima
Beto
Beto
otimo texto
deixa a porra da capivara em paz!!
Vamos comer dinheiro
Hipocrisia. Se não fosse o golfe seria invadido pelas favelas.
Julgo que você não entendeu o teor do texto – ou talvez nem o tenha lido. Nem favela, nem campo de golfe. Aquela região é uma área de preservação ambiental. Humanos não deveriam construir nada lá.
Gostei parabéns, esse é mais um dos diversos exemplos de problemas que nós estamos causando para uma futura geração, e com uma velocidade tão feroz que ainda vamos sentir antes de partirmos dessa vida….
Um campo de golfe numa APA? Vish…..