Psicopatas e psicóticos


Por Caio Nascimento

Mas afinal, qual é a diferença entre um psicopata e um psicótico?

Esta talvez seja uma das perguntas mais frequentes que são direcionadas aos profissionais da saúde mental. Quantas vezes estudantes de Psicologia especializando-se em psiquiatria e profissionais da área já a ouviram naquela roda de amigos no barzinho, ou então no ônibus ao mencionar sua área de atuação?

O interesse pela saúde mental é algo particularmente recente uma vez que, até poucos séculos atrás, muitos ainda atribuíam as doenças mentais a espíritos e outras causas sobrenaturais. Entretanto, como o advento desta área é particularmente novo, muitos ainda conservam – mesmo diante da observação científica – uma tendência a demonização daqueles que possuem diversas variedades de doenças mentais (mas isto é assunto para um outro momento).

Com a chegada da indústria cinematográfica, até mesmo aqueles que nunca haviam sidos grandes fãs da literatura puderam ter acesso a diversas ficções, histórias de vida, documentários etc. Neste meio, alguns dos filmes de horror mais conhecidos sempre dizem respeito a um louco assassino que tem por interesse o sofrimento de suas vítimas, exterminando-as uma a uma, durante horas a fio. Estes thrillers ganharam popularidade especialmente a partir dos anos 60, com filmes como “Psicose”, de Alfred Hitchcock e, mais adiante, com personagens como Jason Vorhees, da famosa série “Sexta-feira 13” e Charles Lee Ray, o boneco Chucky da série “Brinquedo Assassino”.

Os tons fantásticos, aterrorizantes e particularmente macabros presentes nos filmes deixam crianças e adolescentes sem conseguir pregar os olhos à noite até os dias de hoje. Uma legião de fãs cultuadores dos filmes foram responsáveis pela inserção dos personagens na cultura norte-americana e, de certa forma, na mundial. Torna-se possível, então, verificar a imagem que o senso comum formou dos assassinos em série. Pergunte aos seus amigos quais psicopatas ele conhece nos cinemas! Provavelmente não faltarão exemplos e, se a pergunta for trazida para o mundo real, haverá mais exemplos ainda, desde Hitler até o chefe extremamente caprichoso que distribui horas extra para todos os funcionários sem ao menos se importar com os sentimentos de seus subordinados. O imaginário definiu: psicopatas e psicóticos são a mesma coisa e são caçadores do sofrimento alheio!

Leatherface, de "O Massacre da Serra Elétrica" (1974)

Leatherface, de “O Massacre da Serra Elétrica” (1974)

É difícil encontrar alguém que consiga distinguir estas duas figuras presentes no imaginário popular, pois, segundo Brito e Catrib (2004): “a loucura supõe uma ausência de ordem, favorecendo assim a proliferação de metáforas como estratégia para atender à necessidade social de explicação para o fenômeno” (p.285). Para sanar algumas dúvidas, aqui estão algumas informações para ajudar os leitores a conhecerem um pouco mais sobre o que de fato são psicopatas e psicóticos:

Os DSM’s IV e V (“Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders“, o manual americano de diagnóstico e estatística dos transtornos mentais) define os psicopatas como portadores de um transtorno de personalidade, conhecido como “transtorno de personalidade antissocial”. Os sintomas podem ser observados desde a infância, mas, normalmente, o diagnóstico só pode ser traçado a partir dos sintomas observados dos 15 anos de idade em diante. Entre as características definidas pelo manual, encontram-se: egocentrismo, autoestima derivada de ganhos pessoais, falta de empatia e remorso, incapacidade de desenvolver relacionamentos íntimos, irritabilidade, incapacidade de planejamentos a longo prazo, incapacidade de internalização de normas sociais, indiferença, etc. O psicólogo canadense Steve Pinker (2011) diz que os psicopatas somam de 1% a 3% da população masculina, dependendo de como usamos a definição do transtorno de personalidade antissocial. Para Pinker, “psicopatas são mentirosos e atormentadores desde crianças, não mostram capacidade de compaixão ou remorso, compõem de 20% a 30% dos criminosos violentos e cometem metade dos crimes graves. Também cometem crimes não violentos, como privar casais de idosos das economias de toda uma vida e gerir negócios com um desprezo cruel pela mão de obra ou pelos acionistas” (p.689).

Estudos indicam que em psicopatas as regiões responsáveis pela manutenção das emoções sociais, como a amígdala e o córtex orbital são relativamente atrofiadas e até mesmo inativas, havendo relatos de casos em que indivíduos desenvolveram traços psicopáticos após lesões nestas regiões ocasionadas por doenças ou acidentes.

É importante ressaltar, desta forma, que nem todos os criminosos, por mais hediondos que pareçam seus crimes, são necessariamente portadores do T.P.A. Este tipo de pensamento pode ser bastante comprometedor, pois exclui do imaginário popular a possibilidade da existência de pessoas ruins se não por ação de algum tipo transtorno. Pessoas ruins existem e não precisam de doenças para impeli-las a isso. Pinker (2011) chama este tipo de equívoco de “mito do mal puro”, algo muito comum atribuído aos arquétipos das religiões, filmes de terror, literatura infantil, mitologias nacionalistas e coberturas jornalísticas sensacionalistas, onde o mal assume (especialmente na ficção popular) a forma do estripador, do assassino em série, do bicho-papão, do Ogro, do Coringa, do vilão de James Bond etc (pg. 669 – 680).

As psicoses, por sua vez, dizem respeito a uma série de quadros psiquiátricos, assim como a esquizofrenia, cuja principal característica diz respeito a perda de contato com a realidade. É comum pacientes em estado de psicose terem delírios visuais, auditivos e, em menor escala, táteis e olfativos. Estudos indicam uma forte presença de componentes genéticos apontados através da observação de famílias que possuem um ou ambos os genitores com histórico familiar de doenças mentais. Os tratamentos costumam variar conforme a complexidade do caso, podendo necessitar de atendimentos por parte de psicólogos e psiquiatras.

Ambos os quadros têm em comum uma triste realidade: não possuem cura conhecida. Mas, ao menos nos casos das psicoses, o trabalho interdisciplinar realizado por equipes de saúde dentro e fora de hospitais psiquiátricos pode auxiliar para que pessoas com os mais diversos tipos de comprometimentos cognitivos e motores derivados destas doenças mentais reassumam quase completamente a autonomia de suas vidas, especialmente com o apoio da família para auxiliar na administração de medicamentos, redução de ambientes estressores e compreensão com as dificuldades de cada indivíduo.

Usemos então duas figuras famosas em ambientes extremos (onde de fato tiveram oportunidade de causar o mal a diversas pessoas) para diferenciar ambos os casos:

  1. hitlergyt

    Adolf Hitler

    Adolf Hitler: Hitler era um estrategista nato, dotado de grandes habilidades oratórias, artísticas e sociais. Possuía grande facilidade para lidar com públicos e manipular multidões, conseguindo convencê-los a aderir a um partido responsável por uma das mais lastimáveis tragédias da história.

    Como bem se sabe, todos os discursos de Hitler eram extremamente enaltecedores da identidade nacional da Alemanha (sendo que o próprio Hitler era austríaco). Em todas as obras biográficas sobre a vida do ditador encontraremos sua eloquência e falta de escrúpulos com a vida de seus inimigos sendo colocadas em destaque. Muitos vídeos com trechos de seus discursos podem ser encontrados na internet e não é difícil imaginar por que um país entregue ao caos econômico e social deu ouvidos a uma figura com pontos de vista tão extremos e absurdos.

    Hitler apresentava traços de personalidade antissocial e pode ter sido um psicopata que promoveu uma das catástrofes mais vergonhosas da história da humanidade, vindo a falecer por suas próprias mãos diante da recusa em aceitar a própria derrota e assumir os próprios erros.

 

  1. Ed Gein

    Ed Gein

    Ed Gein: Ainda que você não tenha visto o filme “O Massacre da Serra Elétrica”, conhece a figura do assassino que retalha suas vítimas ainda vivas com uma serra (que nem é elétrica, a propósito). Mas sabia que o vilão Leatherface foi baseado em um criminoso que viveu no interior dos EUA nos anos 50?

    Ed Gein era um homem pacato que passou sua vida inteira acompanhado pela mãe em uma pequena fazenda em Wiscosin. Durante muitos anos, especialmente após a morte de seu irmão mais velho, ele desenvolvera um apego quase sexual pela mãe. Após o falecimento dela, Ed passou a ser visto poucas vezes caminhando pela cidade, mas era muito querido e cuidado por todos os habitantes que assumiram na medida do possível os cuidados que ele necessitava por conta seus problemas cognitivos.

    O que ninguém sabia era que Ed andava fascinado por rituais de voodoo que conhecera através de livros antigos adquiridos em pequenas livrarias locais, vindo a desenterrar diversos corpos (de mulheres, especificamente) para utilizar partes dos mesmos em rituais com um propósito triste, porém macabro: ressuscitar sua falecida mãe. Ed foi preso após ser acusado do assassinato de duas pessoas da cidade em que vivia e em sua casa foram encontrados restos de pele humana costurados como um pijama, tigelas de sopa feitas de crânios humanos e pedaços de carne humana temperados e prontos para o consumo em um congelador na garagem da casa.

    Ao ser preso e depois de passar por diversas avaliações, Ed Gein foi diagnosticado com esquizofrenia e ficou preso durante o resto de sua vida em um hospital psiquiátrico. Em alguns momentos sofria de pensamentos intrusivos ocasionados pelas lembranças do assassinato e passava noites em claro atormentado por vozes que dizia ouvir em sua cabeça. Em outros momentos permanecia apático por dias e não conseguia lembrar sequer do próprio nome.

    Gein também inspirou um outro ícone do cinema de terror (que você provavelmente já deve ter desconfiado): o Norman Bates, de Psicose, e sua obsessão pela sua falecida mãe.

Vale lembrar que, apesar deste caso ilustrativo, a maioria dos psicóticos especialmente nunca virá a fazer mal a ninguém e, caso o diagnóstico e tratamento seja realizado desde cedo, muitos podem desenvolver sua autonomia. Psicopatas, por outro lado, são casos mais complicados e difíceis de identificar mesmo para profissionais da área. Em muitos casos o psicopata não cometerá crimes que o levarão para a prisão, embora faça manipulações a seu favor em detrimento de terceiros (já que lhe falta empatia para impedi-lo). Nestes casos, acompanhamento psicológico e psicoterápico podem auxiliar em diagnósticos precoces que antecedem os 15 anos de idade, ainda que seja difícil encontrar estatísticas mais precisas sobre os índices de sucesso deste tratamento. De qualquer forma, a melhor forma de se tratar (ou evitar) um psicopata é, acima de tudo, informar-se sobre este tipo de distúrbio.

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Referências:

American Psychiatric Association (2003). DSM-IV-TR: Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas.

American Psychiatric Association. DSM-IV and DSM-5 Criteria for the Personality Disorder: http://www.psi.uba.ar/academica/carrerasdegrado/psicologia/sitios_catedras/practicas_profesionales/820_clinica_tr_personalidad_psicosis/material/dsm.pdf

BRITO, Heleni Barreira de; CATRIB, Ana Maria Fontenelle. Representação social e subjetividade do adoecer psíquico. Estudos de Psicologia 9 (2), 285-296 – Fortaleza: 2004; Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2004000200010

CASTLEDEN, Chloe (2011). Ed Gein: the psycho cannibal. Muder Files Colection, Magpie Epublishing – USA. ISBN 9781780333410;

CHENIAUX, Elie (2002). Manual de psicopatologia. Quarta edição. Rio de Janeiro – Editora Guanabara

CID-10. OMS. (1993). Classificação Internacional das Doenças, décima edição revisada. Porto Alegre: Artes Médicas

Dalgalarrondo, P (2000). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed

GUARNIERO, Francisco Bevilacqua; BELLIGHINI, Ruth Helena; GATTAZ, Wagner Farid. O estigma da esquizofrenia na mídia: um levantamento de notícias publicadas em veículos brasileiros de grande circulação. Revista Psiquiatria Clínica 39 (3), 80 – 84 – São Paulo: 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832012000300002

HATBLAN, S (2011). Ed: Ed Gein History. Smashword Publisher – Canada

KERSHAW, Ian (2010). Hitler. Editora Companhia das Letras – São Paulo

PINKER, Steve. Os anjos bons da nossa natureza: por que a violência diminuiu. Editora Companhia das Letras – São Paulo: 2011

ULLRICH, Vokler (2015). Adolf Hitler: Vol1. Tradução de RISSATTI, Pete e MULLER, Renate. Editora Amarilys – São Paulo

White, 2010c, nota 4; Dulic, 2004ª, 2004b; Rummel, 2004. A elevada estimativa de Rummel


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15 respostas

  1. Savio Mota Savio Mota disse:

    Tema MUITO legal!

    A título de curiosidade, apenas (não são estudos acadêmicos em psicologia, como boa parte das fontes usadas), cito também dois livros de Ilana Casoy, uma dentre os autores brasileiros mais célebres em relatos de psicopatia: “Serial Killer: Louco ou Cruel?” e “”Serial Killer: Made in Brazil”… são bem divertidos (e assombrosos) para quem se interessa pelos casos mais famosos e surpreendentes… =D

  2. Laís Barbosa, sobre aquela nossa conversa kkkk

  3. Ou seja, um psicopata não é essa figura ruim que as pessoas assumiram. Quem “gosta” de ver o mal é o psicótico. Me sinto no mínimo esquisito ao ver matérias relacionando-os a pessoas que devemos evitar, quando na verdade deveríamos orientá-los. Eles não têm compaixam porque não a sentem, e não porque não querem sentir. Sinto falta de matérias que realmente os ajudem a serem inseridos na sociedade.

    • Leu errado a parte de quem gosta de “ver o mal”. Psicopatas não são dotados de empatia e são incapazes de internalizar normas sociais. Psicóticos, ou seja…pessoas que sofrem de psicoses e perdem total ou parcialmente o contato com a realidade, sofrem de embotamentos afetivo em muitos casos, mas muitos jamais chegam a tomar os rumos da violência. Ao final do texto e no meio dele falo sobre a autonomia que muitos esquizofrênicos, por exemplo, podem ter se o tratamento for iniciado de maneira precoce e com o devido acompanhamento por parte da família e de profissionais capacitados. Disse o mesmo, inclusive, para o início da adolescência em casos de jovens que apresentam traços de personalidade anti-social.

    • Mas, por experiência profissional com alguns casos de transtornos de personalidade anti-social, recomendo cautela.

    • Mas não aquele pavor midiatico que livros como “mentes perigosas” da vida acabam implantando. Achei seu comentário muito positivo, obrigado.

    • Devo ter entendido mal a parte sobre psicose. Mas ainda mantenho minha posição de que em geral a dica de convivência com psicopatas é: evite-os. Isso fica bem claro na frase: “De qualquer forma, a melhor forma de se tratar (ou evitar) um psicopata é, acima de tudo, informar-se sobre este tipo de distúrbio”. Mas não digo isso desmerecendo seu texto, eu mesmo não conhecia essa diferença. É só uma coisa que vejo em todos os lugares, de todas as pessoas… É como se fossem monstros para a sociedade. Talvez sejam, mas esse tipo de abordagem só intensifica. Se eu fosse um psicopata, me sentiria mal por ser visto dessa maneira. Não buscaria relacionamentos, por presumir que mais cedo ou mais tarde iam se afastar. E aí nunca seria curado. Faz sentido?

      • Guilherme disse:

        Boa tarde. Você tem razão, psicopatas não gostam de serem vistos como monstros. Não, não devem ser evitados e não são tão perigosos, contanto que as pessoas sejam respeitosas. Psicopatas não são malucos sanguinários, e não são naturalmente sádicos; se quiser uma ilustração, compare-os com pessoas românticas (pense na vertente literária “Romantismo”), eles são idealistas, e ficam frustrados facilmente, o que está relacionado à impulsividade deles (mas não é a única causa). Por causa desse idealismo, muitos se sentem atraídos por Arte, principalmente pelo Romantismo e obras que mostrem um mundo próximo à visão deles de perfeição. Eles são tão idealistas que muitos acabam querendo SER obras de Arte, por isso, além de pela falta de empatia, acabam agindo de forma egoísta. Essa falta de empatia é pela diferença no conjunto de sentimentos que eles têm, eles sentem de forma diferente das pessoas normais (por exemplo, eles não ficam felizes, mas eles conseguem se sentir satisfeitos, o que, para eles, é análogo à felicidade, já que eles sentem isso em momentos semelhantes). Agora, é interessante também abordar os “sonhos distorcidos” que muitas vezes são associados aos psicopatas, principalmente em filmes e livros; esses “sonhos” fazem parte do idealismo deles, obras artísticas, como tragédias, acabam entrando no imaginário deles e entrando naquele universo ideal (quantas vezes não aparece nos filmes aqueles típico psicopata culto que leu a obra completa de Shakespeare?). Enfim, psicopatas não são monstros, eles só têm problemas de relacionamento social (daí o nome do Transtorno), e por isso é interessante tentar entendê-los, pois isso pode permitir que eles entendam as outras pessoas. Obrigado.

    • Não achei que quisesse desmerecer o texto de forma alguma, continuo agradecendo pelo feedeback (repetindo, inclusive, que achei muito positivo). Apenas uma questão: psicopatas não se identificam como tais, tampouco se sentem mal por tais falas, o que se pode dizer a respeito é que talvez se sintam frustrados por serem expostos, mas “sentir mal”, inclusive por questões neuro-anatômicas e outras características particulares do transtorno os impedem deste tipo de sentimento. Não são monstros, monstros não existem…mas a nossa compreensão de sentimentos é totalmente estranha a eles.

    • Mas, via de regra, exceto em casos acompanhados desde o início da adolescência, não existem registros de psicopatas reabilitados.

    • É, realmente é difícil entender o que se passa na cabeça na cabeça deles, e por isso a convivência também é tão trabalhosa. Valeu pela aula!

    • Eu que agradeço pelo comentário. Diálogos como este são sempre enriquecedores !

  4. Simplesmente adorei o tema e o desenvolvimento dele no artigo 🙂

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