“O acaso é um conceito mais fundamental do que a causalidade.” – Max Born
Não é difícil encontramos pessoas que desejam atribuir causas a todos os acontecimentos, ao ponto de criarem teorias sem sentido para respaldar sua ânsia de explicar tudo. Alguns de forma supersticiosa atribuem o destino a uma suposta entidade completamente metafísica e abstrata que controla os rumos de nossas vidas, outros buscam explicações mais racionais em forma de uma lei fundamental, a tal lei de causa e efeito, e há também aqueles que buscam explicações extra materiais, espirituais, atribuindo tudo a carmas de vidas passadas. Mas no fundo são apenas faces do mesmo fenômeno, nosso ímpeto quase incontrolável por encontrar padrões.
Não estou dizendo que a busca de padrões é ruim, muito pelo ao contrário. Ela desempenhou um papel muito importante no desenvolvimento da humanidade, principalmente no processo de sedentarização. A agricultura só foi desenvolvida graças a nossa capacidade de encontrar padrões, nossos antepassados viram as correlações entre as posições dos astros e os períodos de cheias dos rios. Mas talvez essa nossa capacidade esteja acompanhada de uma maldição, nosso desejo quase que incontrolável de atribuir conexões entre esses fenômenos correlatos.
Correlação nem sempre significa causa. No site www.tylervigen.com, por exemplo, podemos ver algumas correlações espúrias e até encontrar outras. Eu mesmo testei e encontrei uma, http://tylervigen.com/view_correlation?id=3150, muito grande entre mortes causadas por escorregões no gelo e a quantidade de advogados na Florida. Isto significa um pode causar o outro? Não. É apenas uma coincidência.
Nossa mente não está devidamente preparada para identificar a diferença entre padrões reais ou mero acaso. Imaginemos aquele caso de um avião que cai e todos morrem no acidente: alguém que tenha perdido o voo pode atribuir ao destino ou a uma força sobrenatural que o salvou. Mas esquece que pessoas perdem voos todos os dias, e este não é um evento raro. Todos os dias nos deparamos com inúmeras correlações espúrias e nossa tendência é dar atenção e tentar explicar somente aquelas que confirmam nossas pré-concepções. A psicologia diz que este é um efeito de viés cognitivo chamado de tendência confirmatória ou viés confirmatório.
O andar do bêbado é um problema da Física estatística onde uma partícula caminha de forma aleatória, a direção de cada passo é determinada por um sorteio, o lançar de uma moeda. Parceiro literário de Stephen Hawking, Leonard Mlodinow trata em seu primeiro livro solo (“O Andar do Bêbado – Como o Acaso Determina Nossas Vidas“, Editora Zahar – 2008) trata das leis que regem o mundo do acaso, ou das probabilidades, e como elas interferem em nossas vidas. RECOMENDO A LEITURA!
A coluna O Andar do Bêbado do portal Papo de Primata tratará de assuntos aleatórios de nossas vidas aleatórias. Assinem o feed e me acompanhem nessa jornada aleatória sobre o acaso!
Muito bom! Carecemos de conteúdo sobre este tema por aí, ainda mais tratado de forma clara e com linguagem de fácil absorção. Goto muito de assuntos sobre probabilidades, causalidades, aleatoriedades e afins. Um livro muito bom sobre isso é o “A lógica do Cisne Negro” do Nassim Taleb. Acredito que você já tenha lido. Enfim, conteudo compartilhado e parabens! Acompanharei essa jornada. Abçs
Obrigado pelo elogios e pela dica Fábio. Não conhecia este livro, já está na minha fila de leituras.
Abraços