Seria quase impossível não falar sobre os acontecimentos migratórios que as redes e a mídia têm nos mostrados nos últimos dias, com imagens realmente fortes e reflexivas das vítimas deste processo.
A guerra, a repressão política e religiosa, a pobreza e a perseguição constante levam estas pessoas a arriscarem suas vidas em embarcações que tem (ou não) o mínimo de condições para navegar. Muitos gastam tudo que possuem, apostando na esperança de ter uma vida melhor em outro país. A Síria lidera o ranking de maior número migratório: 4 milhões de refugiados, segundo a ONU. Mais de 7 milhões de sírios abandonaram suas casas e mais de 60% da população vive na pobreza. A guerra civil no país já completou 4 anos e mais de 240 mil pessoas já morreram com o conflito, entre elas 12 mil crianças, devido a predominância do estado islâmico, organizações jihadistas e grupos rebeldes.
Síria, Afeganistão, Iraque e Líbia são os países com o maior índice migratório e, consequentemente, o maior índice de mortes.
Já os imigrantes da Ásia em sua maioria fazem parte da perseguida rohingyda, descrita pelas Nações unidas como um dos povos mais perseguidos do mundo, uma minoria “sem amigos e sem terra”, vítimas de torturas e repressão. Cerca de 1 milhão de pessoas formam esta minoria étnica, linguística e religiosa, muçulmanos perseguidos e discriminados há décadas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas, a crise dos rohingydas é uma das mais longas e negligenciadas do mundo. Mais de 3.000 deles desembarcaram na costa do sudeste asiático nos últimas semanas. E, segundo alguns grupos humanitários, muitos deles estão à deriva no mar.
A grande maioria dos grupos que chegam a Europa, como somalis, afegãos e sírios, fogem em desespero dos conflitos e guerrilhas, muitos deles para evitar o recrutamento militar forçado (o povo de Eritreia tem um regime militar comparável a escravidão). Dados na ONU indicam que, juntamente com a Síria e a Somália, o Afeganistão em 2014 somou mais de 7,6 milhões de refugiados fugindo dos conflitos na região – que já somam atualmente mais de 1.500 civis mortos.
Além da miséria e da pobreza nesses países, os povos desta região de situação econômica precária sofrem com a ausência da democracia e são governados por fortes ditaduras. Pode-se mesmo perceber que, em sua grande maioria, os refugiados não são pessoas de ruas, desabrigados ou indigentes; são pessoas com formação e profissão, que perderam a esperança e o futuro em seu país.
A Convenção de Dublin (que foi assinada em 15 de junho de 1990, mas só entrou em vigor em setembro de 1997) garante a obrigatoriedade de solicitar asilo no primeiro país de ingresso na Europa, ficando o país responsável pelo refugiado. Porém, muitos dos refugiados sírios estão desembarcando na Grécia – que atualmente não tem nem condições de cuidar dos próprios cidadãos, já que passa por uma forte crise econômica, agravada pelo processo migratório. Segundo as Nações Unidas, cerca de 50 mil imigrantes já entraram em território grego de forma ilegal. A crise dos refugiados transformou as ilhas de Kos, Chios e Lesbos em “um caos total”. Ali os imigrantes não têm acesso a alojamento adequado, água potável e estruturas sanitárias.
Sem dinheiro, o governo grego diz não conseguir conter sozinho tantas levas de imigrantes e pede, em vão, ajuda da União Europeia.
Um fator ainda não mencionado nas manchetes é o fator climático. Como é verão na Europa, o clima tem favorecido de certo modo a imigração, mas logo chegará o outono, seguido de inverno. Além do risco de morrerem afogados em naufrágios, se esta questão não for resolvida com certa urgência, logo os imigrantes irão também morrer de frio no meio do mar.
Este processo migratório em massa que tem acontecido principalmente na Europa, além das mortes e da crise socioeconômica, ainda trás consigo diversos efeitos colaterais, como o tráfico de pessoas. A maioria dos imigrantes que querem chegar a Europa atravessa o Mediterrâneo, canalizados por traficantes de pessoas. Estes criminosos também atuam na imigração por terra, passando pela Turquia até a Bulgária e Grécia.
Muitos dos já citados rohingyas são atraídos por esses traficantes, que mantém alguns deles em cativeiros a bordo de seus barcos ou em acampamentos na selva da Tailândia, em troca de resgate. Não raro, por causa da repressão regional, os traficantes abandonam seus barcos e sua carga humana no mar, causando a morte de inúmeros refugiados. Em terra, foi encontrado um caminhão na Áustria com os corpos de pelo menos 71 pessoas, próximo a fronteira com a Hungria. Morreram sufocadas!
O fato que chocou a humanidade na semana passada foi o caso de Aylan Kurdi, menino sírio de 3 anos que vinha refugiado com sua família em um bote que carregava 17 pessoas e naufragou durante a tentativa de chegar à Grécia. Segundo seu pai, Abdullah, altas ondas atingiram a embarcação minutos depois do início da viagem. O capitão, diz ele, “entrou em pânico, mergulhou e fugiu”.
Abdullah disse ter tentado controlar o barco, mas ele virou com as ondas. “Quando eu peguei minha mulher e meus filhos nos braços, vi que estavam todos mortos”.
“Tudo que eu quero fazer é sentar perto do túmulo da minha mulher e meus filhos”.
Nos círculos políticos muito se debate sobre o caso dos refugiados. Os governos se dizem preocupados com o caso, mas até agora poucos demonstraram realmente interesse em ajudá-los de verdade, oferecendo algum tipo de refúgio e asilo. Há algumas exceções, como a Islândia, onde mais de 11 mil pessoas se ofereceram para receber refugiados em suas casas. Em Londres, a escritora Sue Hubbard criou uma petição online no site Change.org, pedindo que o Reino Unido seja um “santuário imediato para os que fogem da guerra”. Em dois dias, 65 mil pessoas assinaram esta petição. Outro abaixo-assinado, com 75 mil assinaturas, pede que o governo britânico forneça melhores condições para os refugiados vindos de Calais, no norte da França.
É uma situação complicadíssima, agravada por diversos fatores. De um lado, há pessoas desesperadas, fugindo da miséria, da fome e da guerra; famílias em busca de uma vida melhor. Do outro, há países sem o mínimo de estrutura para abrigar toda esta gente e que estão passando por graves crises econômicas, não conseguindo nem resolver seus próprios problemas internos.
Algo precisa ser feito! Mas para que esta situação mude, ela deve ser discutida e debatida, além de que as atitudes devem deixar o plano ideológico e serem efetivamente tomadas. A esperança se encontra mais nas pessoas comuns do que em qualquer líder político – e são eles, os cidadãos, quem realmente tem mostrado entender o significado da palavra compaixão!
Confira alguns videos sobre esse caso, que foi a principal noticia em todos os noticiários do mundo.
240 milhões de pessoas já morreram com o conflito??
errata: 240 mil Renato..nao milhoes..
errata: 240 mil Renato..nao milhoes..
Camila
Camila
🙁
Os dados da crise vem sendo diariamente atualizados, hoje no G1 a União Europeia apresenta propostas para dividir os refugiados entre os países, atitude liderada por Angela Merkel, chanceler alemã. inclusive o Brasil se manifestou a favor dessa crise imigratória, dizendo q o “país esta de braços abertos” para refugiados. Pena que um garotinho de 3 anos precisou morrer pra isso.
Isso é tratar o sintoma e não a crise.
Luís Alberto Carvalho de Souza oq fazer com esse problema então?
a pergunta é quando vão fazer algo com a causa ? tem que ter um confronto urgente com esse EI estado islãmico , porque remediar vai custar muito mais vidas de inocentes 1
Estocar miseráveis não é a resposta para o problema! São décadas de descaso dos países ricos da Europa e Eua, que municiaram todo tipo de guerra e grupos radicais em territórios alheios, sem jamais se importar com as consequências! Agora, vão pagar a fatura, após longas décadas faturando com a indústria bélica e o oportunismo de manter tiranos no poder em prejuízo dessas populações!
Reveja, muitos grupos tomaram o poder recentemente
Reveja, muitos grupos tomaram o poder recentemente
Será a grande crise do século, na verdade só dos primeiros 50 anos do século XXI…os outros 50 serão ainda piores.
Marcos Sidney Dourado
Triste, muito triste…
é o capitalismo dando certo..
Os países de onde estão fugindo não são nem um pouco capitalistas, muito menos liberais.
Aham, sao socialistas, os trabalhadores é que estao no controle dos meios de produção, vamos fazer de conta que o mundo nao foi globalizado pelo imperialismo tambem.
Religião é uma merda
intervenção militar. Não é o melhor caminho mas evitará mais desgraças e expansão do estado islâmico.
Tds tem direito a um lugar no mundo pra viver em paz, É merecem nossa ajuda e solidariedade.
Em tempo: a religião ou o capitalismo não são diretamente os causadores desses males. O ser humano tem a péssima capacidade de fazer o mal a sí mesmo, independente de religião ou não, de questão econômica ou não. É claro que tudo isso agrava, mas a natureza do homem está acima e infelizmente ainda demorará alguns séculos até amadurecer.
Finalmente alguém lúcido. Tem gente que não adianta, vc da comida, casa, sociedade e a pessoa se auto sabota… imagina um povo inteiro. O problema é mais.embaixo
Finalmente alguém lúcido. Tem gente que não adianta, vc da comida, casa, sociedade e a pessoa se auto sabota… imagina um povo inteiro. O problema é mais.embaixo
Conte-me mais sobre a intervenção dos EUA na Síria..
Conte-me mais sobre os problemas faixa de gaza..
Conte-me mais sobre jogar os judeus após sefunda guerra num território que já havia dono..
Ai depois vc venha com esse papo de psicólogo de rua..
Orlando Junior, não to desconsiderando todos esses eventos, mas apenas fazendo uma observação sobra a natureza do homem. Longe de mim querer justificar os males que você acabou de citar.
Concordo, Fred. Sou historiadora e estas tragédias antecedem a internet, o capitalismo, o imperialismo ocidental. Ocorreram na história mundial, sempre, da mais remota antiguidade até hoje, em todos os contextos econômicos e em todas as religiões, politeístas e monoteístas.
Engraçado, quando os Usa da vida se enfiam no país alheio nego fica de mimimi falando q querem petróleo etc. Quando não fazem nada, reclamam. A pergunta é por que um país ajudaria? essas guerras são ideológicas, se discutir com um fanático religioso e cansativo e leva a lugar nenhum, imagina ir pra guerra…
Engraçado, quando os Usa da vida se enfiam no país alheio nego fica de mimimi falando q querem petróleo etc. Quando não fazem nada, reclamam. A pergunta é por que um país ajudaria? essas guerras são ideológicas, se discutir com um fanático religioso e cansativo e leva a lugar nenhum, imagina ir pra guerra…
Roger Liboni e Halissa Mastriani leiam
Sempre que o Mundo está em crise financeira acontece uma guerra, Os poderosos só querem que o EI cresça na proporção territorial pra valer o espólio de guerra! A Siria é o mais importante daquela região
Usar a violência contra o Estado Islâmico não basta. Aliás, esses guerreiros até querem morrer em batalha, pois creem que, assim, ganharão setenta virgens no Paraíso Celeste. Se houver territórios recuperados pela força das armas, por uma intervenção armada internacional, atrás dos soldados deverão ir bibliotecárias e professores que levem Darwin, Simone de Beauvoir e Voltaire para todos os lares. Só assim a democracia poderá firmar-se naquelas paragens.
O que a Síria precisa é de uma revolução estilo francesa, que separe Estado e religião e coloque essa separação como um valor a ser defendido.