O 1º pterossauro descrito!


Em 1784, o historiador italiano Cosimo Alessandro Collini, então diretor do Mannheim Cabinet of Natural History1Em alemão, Naturalienkabinett at Mannheim. Os gabinetes deste tipo podem ser considerados como precursores do moderno conceito de museu de história natural., na Alemanha, descreveu um estranho animal que parecia não pertencer a nenhuma espécie conhecida e cujo fóssil fazia parte do inventário da instituição, tendo sido encontrado provavelmente em uma pedreira na Bavária.

Collini ficou muito confuso com relação à natureza daquele animal, mas deduziu que não se tratava nem de um morcego nem de uma ave. Ele então especulou que deveria ser uma espécie marinha, uma vez que muitos animais desconhecidos habitavam as profundezas dos oceanos. A suspeita de que estes animais eram aquáticos persistiu ainda nas primeiras décadas do século XIX. Em 1830, o zoologista alemão Johann Georg Wagler chegou a publicar um texto sobre “anfíbios” incluindo uma ilustração de um pterossauro usando suas asas como nadadeiras. 

Bem antes disto, no entanto, o cientista franco-alemão Johann Hermann foi o primeiro a afirmar que o animal usava o seu quarto dedo (que era bem mais longo que os demais) para suportar uma membrana que se estenderia até o tornozelo, servindo como uma asa. Em março de 1800, Hermann alertou o famoso cientista francês George Cuvier para a existência do fóssil de Collini. Cuvier, uma figura central no estudo de fósseis (ele é considerado por alguns o pai da paleontologia), analisou a imagem desenhada do animal (lembremo-nos que, naquela época, ele não contava com o recurso de fotografias) e concluiu, pela forma e disposição dos ossos, que se tratava de um réptil. Também declarou que se tratava de um animal voador, extinto, e chamou-o de “Ptero-Dactyle” (“dedo de asa“, em grego). Cuvier publicou estas conclusões pela primeira vez em 1801. Anos depois, o termo foi latinizado para Pterodactylus.

Hoje, os pterodáctilos são classificados como um gênero da ordem dos pterossauros, répteis alados contemporâneos dos dinossauros (que pertencem a um clado diferente), cujas evidências sugerem que tinham uma dieta carnívora ou onívora (dependendo da espécie) e que eram animais de sangue quente. Sua estrutura óssea era bem frágil, tornando muito difícil a sua fossilização – e é por isto que seus fósseis são encontrados geralmente incompletos. 

O primeiro fóssil de pterossauro descrito pertence à espécie Pterodactylus antiquus, um animal de porte relativamente pequeno, com envergadura não muito superior a 1 metro, mas os maiores pterossauros foram gigantes que podiam alcançar 11 metros de envergadura!

*  Nunca é demais relembrar: as aves são dinossauros. Pterossauros pertencem a um grupo diferente, não sendo, portanto, ancestrais das aves modernas.

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Referências:

BENNETT, S. C. (2013) New information on body size and cranial display structures of Pterodactylus antiquus, with a revision of the genus”. Paläontologische Zeitschrift in press: 269–289. 

MARK P. W. (2013), Pterosaurs: Natural History, Evolution, Anatomy. Princeton University Press.

Biodiversity Heritage Library. Identifying the First Flying Reptile: Pterosaurs. BHL. Online. Disponível em http://blog.biodiversitylibrary.org/2015/10/identifying-first-flying-reptile.html.

Notas

Notas
1 Em alemão, Naturalienkabinett at Mannheim. Os gabinetes deste tipo podem ser considerados como precursores do moderno conceito de museu de história natural.

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